segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Especializações: A geografia marxista e a teoria social critica.

No inicio dos anos 70, uma geografia decididamente marxista começou a se formar, a partir de uma súbita infusão da teoria e do método marxistas ocidentais (especialmente europeus, críticos o marxistas criado na antiga UNSS) no introvertido gueto intelectual da geografia moderna anglófona. Logo, a geografia marxista abalou a geografia moderna.  Durante 1970, a geografia marxista continuou periférica ao marxismo ocidental, quase totalmente construída da analise e da explicação geográfica.
Depois de 1980, o ponto de encontro entre a geografia moderna e o marxismo ocidental se alterou, à medida que o fluxo de idéias e influencias começou a mudar rapidamente dos dois lados. Ao chegar mais perto do fim do século, um debate crítico mais amplo sobre a teorização adequada da espacialidade da vida social vai penetrando e questionando tradições estabelecidas no marxismo ocidental, ao mesmo tempo em que vai forçando um reexame nas estruturas da geografia moderna.
A expressão mais evidente desse debate foi a afirmação de uma materialismo histórico geográfico profundamente espacializado que é uma forma de convocação para uma reformulação radical da teoria social critica como um todo, do marxismo ocidental em particular, e também todas as relações fundamentais entre o espaço, o tempo e o ser social.
O marxismo precisa dar conta de uma dimensão tradicionalmente marginal no próprio Marx e no marxismo em geral: o espaço do processo de acumulação capitalista, que inclusive enfrenta muita desigualdade. Não é de hoje que esse é um espaço global, mas a conectividade global contemporânea é de uma densidade sem precedentes.
O espaço socioeconômico, cultural e geopolítico do século XXI é radicalmente diferente daquele do século XX, que foi, acima de tudo, o último século eurocêntrico. O cenário geopolítico do século XXI, por sua vez, é mais aberto e descentralizado, e o poder militar norte-americano, hegemônico desde o desfecho da Segunda Guerra Mundial, está hoje em descompasso com a emergência de potências econômicas, na Ásia mas também na América Latina, e com o surgimento de uma "nova rede de Estados nacionais" e a intensificação das relações sul-sul.
Essa reestruturação, sinal da diminuição das disparidades de influência política e força econômica entre regiões e nações, convivem com o aumento global da desigualdade de renda e com a desarticulação da classe trabalhadora, na qual haviam depositado suas esperanças, não só na teoria, mas também na pratica marxista. Nesse sentido, o que parece que vivemos nesse começo do século XXI é um retorno ao capitalismo liberal do século XIX.



Fontes bibliográficas:
  • EDWARD W. SOJA - Geografias pós-modernas
  • Jornal Folha de São Paulo do dia 28/08/2011


Postado por Camila Freitas Antunes

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